Os Chefes de Estado e de Governo da Troika do órgão para a cooperação nas áreas da Política, Defesa e Segurança da SADC ( órgão do qual Moçambique faz parte) condenaram ontem o acto inconstitucional que culminou com a destituição do Presidente de Madagáscar, Marc Ravalomanana, na terça-feira. Ora bem, se em Madagáscar a destituição do Presidente Ravalomanana, é tida como inconstitucional e viola pressupostos democráticos, mormente, os de acesso ao poder, na verdade viola, o que se pode dizer em relação ao Zimbábwe, sobretudo após as eleições presidenciais e parlamentares do ano passado? O silêncio dos líderes regionais, incluindo do Presidente Guebuza, sobre a crise eleitoral e institucional no Zimbábwè foi, aliás, considerado, pelo secretário Geral do MDC, Tendai Biti, um acto criminoso. Era mesmo um desabafo de Tendai Biti, face ao silêncio dos Chefes de Estado e de Governo em relação a uma situação de violação inaceitável dos mais elementares princípios democráticos e de convivência política. Espanta-me que em relação ao Zimbabwè, a Troika da SADC não tenha tomado a decisão que agora toma em relação ao Madagáscar. Procuram dar a entender que são democratas e por isso se manifestam contra o que aconteceu em Madagáscar. Bonito gesto! Moçambique é parte integrante da Tróika. A posição tomada por Moçambique, no contexto da Troika ( caso Malgaxe) contrasta com a que foi tomada em relação ao Zimbabwè, durante o período pós eleitoral. O que estará em causa afinal? Será a violação de pressupostos democráticos ou simplesmente camaradagem? "O quotidiano de Moçambique" dá nota 20 aos representantes de Moçambique naquela Tróika e espera que no futuro, em situações da mesma natureza (violação de princípios democráticos), independentemente de laços de camaradagem, devem agir em conformidade, para o bem dos nossos povos e como forma de, e isto é importante, salvaguardar o bom nome de Moçambique no plano internacional.
sexta-feira, março 20, 2009
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2 comentários:
ilídio,
é interessante a metodologia utilizada para se lidar com o caso malgaxe. recuo uns oito anos e atenho-me em madagáscar. na altura o ravolomanana também subiu ao poder pelas mesmas vias utilizadas pelo novo presidente. a sadc latiu, esganiçou, entre outros, para dizer que não concordava com a subversão dos ideiais democráticos, e disse que não reconheceria o novo regime democrático. a mesma posição foi tomada pela união africana. do outro lado do mundo, os estados unidos correram para reconhecer ravolomana, e foi ai que todos entraram na bicha para congratular o novo presidente e pedindo que organizasse eleições. mas o que ficou é que tiveram que aceitar mesmo a vontade das pessoas que conduziram ravolomana num golpe palaciano. não concordo que se deva chegar ao poder utilizando-se o modelo malgaxe (está ficando mesmo um modelo), mas também fico estarrecido quando a sad apenas reage após o fait accompli. onde andaram durante o tempo em que houve escalada de violência até se chegar ao golpe palaciano?
Caro Bayano, estava com saudades dos seus comentários. E este comentário em particular, completa o post aqui publicado. Abraço!
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