O Ministro da Agricultura, o sr. Soares Nhaca, afirmou, em Milange, Província da Zambézia ( ao que parece, no âmbito da visita presidencial àquele ponto do país), em entrevista concedida à Rádio Moçambique, que a enxada de cabo curto era também um elemento imprescindível no contexto da "Revolução Verde". Confesso que após ter ouvido o pronunciamento do Ministro da Agricultura( logo pela manhã de hoje) fiquei muito preocupado. Enxada de cabo curto imprescindível no contexto da Revolução Verde? Afinal o que é revolução verde e qual é a sua finalidade? Será que temos que continuar a contar com enxada de cabo curto nesta dura batalha que é a revolução verde?O que é revolução verde afinal?
Se revolução verde é um amplo programa idealizado para aumentar a produção agrícola no mundo por meio de melhorias genéticas em sementes, uso intensivo de insumos industriais, mecanização e redução do custo de manejo, não vejo então a razão de termos que continuar a falar de enxada de cabo curto. Estamos num mundo em que toda a gente fala de mecanização da agricultura. Este é que é o discurso corrente, todavia, em Moçambique há quem confie ainda na enxada de cabo curto. Com este tipo de pronunciamento, fico sem saber o rumo que estamos a tomar...Reconheço, na verdade, que a enxada de cabo curto, num país como o nosso, desempenha um papel importante para a produção familiar. Mas ela não pode ser tida como um dos instrumentos fundamentais no contexto dum desafio muito grande como o é a revolução verde. A enxada não nos permite produzir em larga escala ao ponto de competirmos no mercado regional e mundial. Embarquemos para a revolução verde com determinação e coragem e, sobretudo, convencidos que somos capazes de abandonar a enxada confiada pelo Ministro da Agricultura. Não reproduzamos discursos de há 30 anos atrás!!
Se revolução verde é um amplo programa idealizado para aumentar a produção agrícola no mundo por meio de melhorias genéticas em sementes, uso intensivo de insumos industriais, mecanização e redução do custo de manejo, não vejo então a razão de termos que continuar a falar de enxada de cabo curto. Estamos num mundo em que toda a gente fala de mecanização da agricultura. Este é que é o discurso corrente, todavia, em Moçambique há quem confie ainda na enxada de cabo curto. Com este tipo de pronunciamento, fico sem saber o rumo que estamos a tomar...Reconheço, na verdade, que a enxada de cabo curto, num país como o nosso, desempenha um papel importante para a produção familiar. Mas ela não pode ser tida como um dos instrumentos fundamentais no contexto dum desafio muito grande como o é a revolução verde. A enxada não nos permite produzir em larga escala ao ponto de competirmos no mercado regional e mundial. Embarquemos para a revolução verde com determinação e coragem e, sobretudo, convencidos que somos capazes de abandonar a enxada confiada pelo Ministro da Agricultura. Não reproduzamos discursos de há 30 anos atrás!!
11 comentários:
Viva mon ami!
Custa acreditar alguns discursos num pais desses que quase tem toda a classe intelectual para trabalhar certas materias. mas vamos indo assim mesmo.
abracos, so agora acesso o seu blog. parabens
oh meu caro. onde tens andado? Visite sempre este espaço. assim a gente mata saudades. Esta de enxada de cabo curto é lamentável...
Caro Ilidio!
Focas um ponto crucial que, por acaso, abordei recentemente no meu blog. Uma afirmacao do genero, proferida pelo ministro da agricultura, da' um sinal claro que o Governo se esta' a isentar do seu papel nessa batalha. Assumir que a "enxada de cabo curto" e' um instrumento imprescindivel, e' dizer que a populacao e' que deve guiar os destinos da producao agricola, do jeito que ate aqui tem feito. E associar isso a "revolucao verde" revela completa ignorancia de sua excia em relacao a materia!!
Ilídio,
quero acreditar que o Sr. Nhaca se equivocou. Não dá para pensar outra coisa de alguém que devia ter o domínio do conceito de revolução verde bem assentes.
Em fim, parece que neste assunto de revolução verde também estamos a tactear.
Meus caros Jonathan e mutisse,estamos mal!! É verdade que muita gente foi e é "alimentada" pela enxada de cabo curto no nosso país. Mas não podemos "convidar" esta enxada de cabo curto para os desafios trazidos pela revolução verde. Se a idéia é produzir em larga escala, com qualidade, e em curto espaço de tempo e depois competir com outros mercados então abandonemos a enxada de cabo curto. Terá que me perdoar a enxada de cabo curto, mas hoje os desafios são outros...que me perdoe o ministro da agricultura também, que, pelos vistos é apóstolo da enxada num contexto como este em que vivemos...
Sabe Ilidio,
Os nossos governantes levam tudo a deixa-andar. Não há sequer debates sérios sobre os propblemas deste país. Não vejo o porquê não consultar os especialistas em agricultura e dai elaborarem os planos e as estrategias de implementacão dos projectos. Estamos num retrocesso que até parece que estamos a fazer descobertas. Ha países muito bem desenvolvidos na agricultura e noutros campos de economia mas nós aqui, sempre correndo dum lado para outro e enganado o povo. Ora é jatropha, ora etanol, depois biocombustiveis etc, até que parece já montados fábricas de automoveis e a espera somente destes combustiveis para andar.
Sobre a enxada de cabo curto na revulução verde tambem foi referenciado pelo proprio PR na Zambezia (segundo certa imprensa), o que claramente mostra a mesma musica cantada deste do topo. É o que pergunto: será que era necessário lançar o slogan de revulução verde sem dispor de novos meios de trabalho? Na minha optica, a revulucao verde é um movimento de sensibilização com vista a dispertar a população na continuação de uso da enxada para produção de comida para exportar para a europa/america numa prespectiva de inovação e empreendedorismo moçambicano. Este movimento difere do PROAGRI, uma vez que este ultimo contou com avultados fundos exteriores drenados e era meramente para produzir comida para consumo local e interno. Dai entao a revulução verde para produção barata e exportação de comida face a escassez de comida no mundo e o lugar privilegiado de Mocambique na resposta a questoes mundiais
Exacto, caro bive!
ilídio, tens muita razão na observação que fazes. repara que há um outro fenómeno que intervém e que pode explicar o deslize do ministro. temos uma tradição discursiva no nosso país que dá primazia a slógans em detrimento do seu conteúdo. isso permite aos "dirigentes" falarem de tudo sob a capa de um slógan. na verdade, bem vistas as coisas é uma tradição ainda mais antiga que tu podes ver nos hábitos discursivos de pastores protestantes. eu acho que o ministro sabe muito bem o que a "revolução verde" quer dizer, mas nesse caso específico serviu-se dessa tradição discursiva para falar com o povo. preparei alguns textos sobre estes assuntos que espero publicar no notícias dentro em breve.
É o quotidiano de Mocambique, caro elisio...Slógans, sempre slógans...
Meu caro Stran, muito grato por ter passado por ca e pelo convite tambem.
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